Delegado confirma que foi procurado por comitê de Dilma para espionar Serra
Extraído de: Câmara dos Deputados - 17 horas atrás
O delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo de Souza confirmou nesta quinta-feira aos deputados e senadores da Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência que foi procurado por um grupo da campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, para prestar serviços de espionagem contra o candidato do PSDB, José Serra.
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A comissão convidou o delegado para esclarecer matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, segundo a qual Onézimo de Sousa teria se reunido com o então assessor da campanha de Dilma, Luiz Lanzetta, para tratar de supostas investigações sobre Serra. De acordo com informações publicadas pela imprensa, Lanzetta deixou a campanha de Dilma após a denúncia.
Segundo Onézimo, a oferta foi recusada por ele, que negou ter informações privilegiadas dos serviços de inteligência para produzir um dossiê contra o tucano José Serra. "Eu fui convidado pelo PT, não prestei serviços ao PT, mas acabei ajudando o PT. Porque eu garanto, se não afastassem esse pessoal e não dessem um basta nesse tipo de coisa, as consequências seriam piores no futuro", afirmou. O convite, segundo afirmou o delegado aposentado, teria partido dos jornalistas Luiz Lanzetta e Amaury Ribeiro e do empresário Benedito de Oliveira Neto, todos ligados ao comitê de campanha da petista Dilma.
Espionagem disfarçada
O delegado tornou-se dono de uma empresa de segurança privada depois de se aposentar da Polícia Federal e disse que o disfarce proposta para a sua atuação seria a prestação de serviços de proteção à casa utilizada como comitê eleitoral do PT, no valor de 10 parcelas de 160 mil reais.
"Eram dois serviços: um era proteger a casa, esse sim, por isso procuraram alguém com experiência, e o outro era saber quem eram esses caras do Itagiba", acrescentou Onézimo, referindo-se a uma investigação da atuação do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). De acordo com o delegado aposentado, ao ser informado da segunda proposta (espionar Serra), ele desistiu do negócio.
O depoimento do delegado foi solicitado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), para investigar o uso indevido da máquina pública na produção de dossiês sobre adversários políticos. "Porque são pessoas que mantêm relações com os órgãos de inteligência do governo, mesmo aposentados. Portanto, ninguém procura essas pessoas ingenuamente", disse Fruet.
Brigas eleitorais.
O deputado José Genoíno (PT-SP) reagiu às declarações de Onézimo de Souza e disse que a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência não é o espaço para alimentar brigas eleitorais.
"Esta comissão não pode se transformar em cenário e em palco para que a gente possa fazer aqui um cotejamento de matérias de jornais envolvendo suposições e insinuações", disse o deputado.
Interferências privadas
O vice presidente da comissão, deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP), disse que o objetivo é apurar se há interferência de empresas privadas de espionagem nas atividades oficiais de inteligência do País. A minha preocupação aqui é com o uso da estrutura do Estado, numa atividade que é necessária para o Estado, que é a atividade de inteligência, disse o deputado.
Então, o que nós queremos saber é até que ponto nós podemos ter flexibilidade nas atividades de inteligência, haja vista que há essa sobreposição entre atividades de Estado e atividades privadas", acrescentou.
A oposição pretende ouvir ainda o sargento da Aeronáutica Idalberto de Araújo, que participou da reunião onde a coordenação de imprensa da campanha do PT teria encomendado o dossiê contra os tucanos.
Punir os mandantes
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), afirmou que é preciso punir atos ilegais dos partidos. "Vamos responsabilizar apenas os prepostos, os coadjuvantes, os subalternos? Isso precisa acabar, a corda sempre arrebentando para o lado mais fraco no nosso País. Esse é um fato recorrente: o crime existe, o criminoso não."
O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) perguntou a Onézimo Sousa se ele tem influência sobre órgãos oficiais da Inteligência, podendo receber informações privilegiadas. O ex-delegado garantiu que não, apesar de ter vários amigos trabalhando para setores estratégicos de segurança do Governo.
A comissão mista pediu informações à Aeronáutica sobre a data em que o sargento Idalberto deu baixa do serviço de inteligência. Se a reunião com o PT tiver ocorrido quando ele ainda era servidor público, o convite de depoimento pode se transformar em convocação.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” 17/12/1914 - Rui Barbosa
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